"In Nomine Domini"

Um velho Mestre Espiritual ensinava aos freis franciscanos a sempre começar qualquer trabalho I.N.D. (In Nomine Domini - Em Nome Do Senhor). É o que estamos fazendo. Não só estamos começando, como nos conduziremos sempre :

"No Nome Do Senhor"

...para a glória de N.Senhora, e para nos sentirmos mais irmãos uns dos outros.

Este blog é centrado na espiritualidade e em seus desdobramentos - de uma forma geral e na nossa experiência pessoal. O saudoso Frei Clemente kesselmeier, do Convento de Santo Antônio do Largo da Carioca, disse certa vez, que se o Jesus histórico estivesse hoje entre nós, certamente usaria a internet para proclamar a Palavra. E, não existe dia melhor para iniciar esta experiência de ...

”Dizei à luz do dia o que vos digo na escuridão e proclamai de cima dos telhados o que vos digo ao pé do ouvido”(MT10,26)”

... do que este, em que celebramos a Santíssima Trindade.

E, na certeza de que ela nos conduzirá a VITÓRIA, invoquemo-la com a nossa senha:

“Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém!”

"Que a unção do Espírito Santo o frutifique..."

PARTICIPE DO NOSSO BLOG DEIXANDO SEU COMENTÁRIO, CLICANDO EM Links para esta postagem AO FINAL DE CADA TEMA.

"Seja bem Vindo!"

Olá, é bom você estar aquí. Seja bem vindo! Nós (Catariana e Maria Alice), fizemos este Blog, pensando em você. Queríamos compartilhar o que lemos, ouvimos, assistimos, vivenciamos, em nossa caminhada. Antes de tudo o nosso nome - "Beraká" - significa "Local de Bençãos" e está biblicamente fudamentado em "2 Crônicas 20". É o que gostaríamos que este Blog fosse para você, um "Local de Bençãos", onde todos podemos beber da mesma fonte - Deus.

O tema central é a Espiritualidade em todos os seus desdobramentos, mas queríamos deixar claro que o nosso objetivo é abrir-nos ao debate, trocarmos figurinhas, dialogar em todas as possibilidades...

Procuramos distribuí-lo de uma forma que facilite a sua leitura, em temas gerais: "Luzeiros", "Espiritualidade", "Vivências", "Nosso Jeitinho", "Calathos", "Reflexões",.... (cada uma com uma explicação na primeira postagem sobre conteúdo do tema) e sub-temas: "que a minha vida seja luz", "respirar", "banco de tres pernas",...

Mas, para que tudo isto faça sentido, nós temos que estabelecer um "diálogo", uma intimidade, como falamos na introdução do "Nosso Jeitinho".

E, para que isto se dê, dependemos primeiro da sua visita, de você estar aquí, depois, da sua participação. E, para ajudá-lo nisto, vamos lhe dar algumas dicas de como "viajar" por este Blog.

Primeiro, você deve ter notado que determinadas palavras estão destacadas em cores diferentes do resto do texto (como neste texto mesmo, a palavra "Luzeiros"), e quando passamos o mouse sobre elas, mudam de cor, ficam verde fosforecente (FAÇA ISTO AGORA PARA TESTAR). Você deve ter observado que foi no nosso perfil; para retornar à página onde estava é só fechar à que foi direcionado ou clicar na setinha de retorno. Isto acontece na coluna principal e nas colunas laterais. Toda vez que isto acontecer, você vai ser direcionado à um link que lhe forneça informações adicionais sobre o assunto, dicas sobre livros, autores, pessoas, filmes.

Na lateral direita você também vai encontrar, título com o nome "MARCADORES" que estão todas as postagens feitas, e outro chamado "ARCHIVE", que organiza as postagens por tema e data. As fotos e imagens em que aparecem a mãozinha quando passsamos o mouse sobre elas, também remetem a um outro link com informações sobre a pessoa(Como é o caso do Frei Clemente).

Você pode saber quantas pessoas visitam nosso Blog na "VISUALIZAÇÃO DA PÁGINA", e até de onde vem os nossos visitantes, clicando no "MAPA-MUNDI", na coluna da direita.

Se você gostou de algum "Tema", concorda, não concorda, quer dar a sua opinião, faça seu comentário logo após o assunto clicando em "LINKS PARA ESTA POSTAGEM". Se quer saber o que outras pessoas pensam, clique em "COMENTÁRIOS", também logo após o "Tema".

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Convide, seus amigos. Você deve ter notado, que na coluna direita tem uma série de bandeirinhas, de diversos países, clicando sobre elas, o texto é automáticamente traduzido para o idioma indicado. Portanto, que a lingua não seja um impecilho para você mandar este Blog para aquele seu amigo americano, francês, italiano, espanhol, alemão, israelense, japonês.

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Obrigada por sua participação,Catarina e Maria Alice

VOLTE SEMPRE!!!!!

sábado, 20 de agosto de 2011

"Cuore"

" Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens ".
Fernando Pessoa

O TEMPO PASSOU E ME FORMEI EM SOLIDÃO...
Sou do tempo em que ainda se faziam visitas. Lembro-me de minha mãe mandando a gente caprichar no banho porque a família toda iria visitar algum conhecido. Íamos todos juntos, família grande, todo mundo a pé. Geralmente, à noite.
Ninguém avisava nada, o costume era chegar de paraquedas mesmo. E os donos da casa recebiam alegres a visita. Aos poucos, os moradores iam se apresentando, um por um.
– Olha o compadre aqui, garoto! Cumprimenta a comadre.
E o garoto apertava a mão do meu pai, da minha mãe, a minha mão e a mão dos meus irmãos. Aí chegava outro menino. Repetia-se toda a diplomacia.
– Mas vamos nos assentar, gente. Que surpresa agradável!
A conversa rolava solta na sala. Meu pai conversando com o compadre e minha mãe de papo com a comadre. Eu e meus irmãos ficávamos assentados todos num mesmo sofá, entreolhando-nos e olhando a casa do tal compadre. Retratos na parede, duas imagens de santos numa cantoneira, flores na mesinha de centro... casa singela e acolhedora. A nossa também era assim.
Também eram assim as visitas, singelas e acolhedoras. Tão acolhedoras que era também costume servir um bom café aos visitantes. Como um anjo benfazejo, surgia alguém lá da cozinha – geralmente uma das filhas – e dizia:
– Gente, vem aqui pra dentro que o café está na mesa.
Tratava-se de uma metonímia gastronômica. O café era apenas uma parte: pães, bolo, broas, queijo fresco, manteiga, biscoitos, leite... tudo sobre a mesa.
Juntava todo mundo e as piadas pipocavam. As gargalhadas também. Pra que televisão? Pra que rua? Pra que droga? A vida estava ali, no riso, no café, na conversa, no abraço, na esperança... Era a vida respingando eternidade nos momentos que acabam.... era a vida transbordando simplicidade, alegria e amizade...
Quando saíamos, os donos da casa ficavam à porta até que virássemos a esquina. Ainda nos acenávamos. E voltávamos para casa, caminhada muitas vezes longa, sem carro, mas com o coração aquecido pela ternura e pela acolhida. Era assim também lá em casa. Recebíamos as visitas com o coração em festa.. A mesma alegria se repetia. Quando iam embora, também ficávamos, a família toda, à porta. Olhávamos, olhávamos... até que sumissem no horizonte da noite.
O tempo passou e me formei em solidão. Tive bons professores: televisão, vídeo, DVD, e-mail... Cada um na sua e ninguém na de ninguém. Não se recebe mais em casa. Agora a gente combina encontros com os amigos fora de casa:
– Vamos marcar uma saída!... – ninguém quer entrar mais.
Assim, as casas vão se transformando em túmulos sem epitáfios, que escondem mortos anônimos e possibilidades enterradas. Cemitério urbano, onde perambulam zumbis e fantasmas mais assustados que assustadores.
Casas trancadas.. Pra que abrir? O ladrão pode entrar e roubar a lembrança do café, dos pães, do bolo, das broas, do queijo fresco, da manteiga, dos biscoitos do leite....
Que saudade do compadre e da comadre!
Não deixe de fazer algo de que gosta, devido  à falta de tempo, pois a única falta que terá será desse tempo que, infelizmente, não voltará mais.


" Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos".
Bob Marley

" Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores"
William  Shakespeare

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

"Calathos"


Valei minha Nossa Senhora
Mãe de Deus de Nazaré
A vaca mança da Leite A brava da quando quer,
A mança da sossegada A brava levata o pé
Ja fui barco, Fui navio, Agora sou Escalé
Ja fui minino, fui homi, Só me falta ser mulher
Vale minha Nossa Senhora Mãe de Deus de Nazaré!!!!

"O Auto da Compadecida"

Auto da Compadecida é uma peça teatral em forma de auto, em três atos escrita em 1955 pelo autor brasileiro Ariano Suassuna. Sua primeira encenação foi em 1995, em Recife, Pernambuco. Posteriormente houve nova encenação em 1974, com direção de João Cândido.
É um drama do Nordeste do Brasil. Insere elementos da tradição da literatura de cordel,de genero comédia apresenta traços do barroco católico brasileiro, mistura cultura popular e tradição religiosa. Apresenta na escrita traços de linguagem oral por demonstrar na fala do personagem sua classe social, apresenta também regionalismos pelo fato de a história se passar no nordeste e o autor ter nascido lá.
Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro"
Foi apresentada em 1999 na Rede Globo de televisão como minissérie, O Auto da Compadecida (em que há um acréscimo do artigo "o" antes do nome original). Na adaptação feita para o cinema em 2000, também chamada O Auto da Compadecida, aparecem alguns personagens como o Cabo Setenta, Rosinha e Vicentão. Eles não fazem parte da peça original, e sim de A Inconveniência de Ter Coragem, também de Ariano Suassuna.


Assista agora "o julgamento", que é o ápice da história, que por sí só carrega  beleza da peça.



Caso você não consiga assistir, clik nos links abaixo pelo "Google Chrome":



Terceira parte: http://youtu.be/dtDRjgUppiY


Caso você ainda não tenha o Google chrome, instalar em


A História Original: João Grilo e Chicó arrumam um emprego com o padeiro da cidade. O cachorro da mulher do padeiro fica doente, João Grilo e Chicó vão à igreja para pedir ao padre que benzesse Xáreu. Mas o padre não concordou, João então disse que o cachorro era de Antônio Morais, um homem poderoso. Ao ouvir isso o padre aceitou benzer.

Quando iam saindo da igreja Chicó e J. Grilo viram Antônio indo para igreja. João se aproximou e avisou que o padre estava ficando louco chamando a todos de cachorro, para que ele não reparasse. Quando Antônio entrou na igreja logo o padre veio recebê-lo, como ele queria que a filha dele fosse benta não houve confusão no início da conversa até que o padre referiu-se a cachorros e assim ofendeu a Antônio que disse que iria falar com o bispo sobre a grosseria do padre.

Assim que ele saiu chegou na igreja o padeiro e sua mulher, João Grilo e Chicó. Xáreu acabava de morrer e a mulher queria que o cachorro fosse enterrado em latim. O padre e o sacristão não concordaram, mas João que podia agir como quisesse para conseguir o enterro logo inventou que o cachorro era cristão e em troco do enterro deixava dez contos de réis para o padre e três para o sacristão. E assim o enterro foi feito.

Quando voltaram à igreja o bispo estava lá e já sabia das reclamações contra o padre. Ao saber do enterro condenou a ação como um sacrilégio, mas João logo disse que o animal tinha deixado três contos de réis para o sacristão, quatro para o padre e seis para o bispo e assim todos concordaram com o enterro.

Foi então que a mulher chegou trazendo o dinheiro para que João o entregasse ao pessoal. Quando ela estava indo embora J. Grilo lhe ofereceu um gato que “descomia” dinheiro. A mulher ficou animada e comprou o gato, mas logo que foi embora voltou como marido, pois já tinha arrancado do gato todo o dinheiro que Chicó tinha enfiado no pobre animal.

Nesse momento entrou na igreja Severino e seu capanga. Ele tomou todo o dinheiro e matou o bispo, o padre, o sacristão, o padeiro e sua mulher. Quando chegava a vez de João ele ofereceu a Severino uma gaita que ressuscitava as pessoas.

Para demonstrar a eficiência da gaita João deu uma facada em Chicó e lhe furou uma bexiga de bode cheia de sangue que a um tempo atrás Chicó havia pendurado em si por baixo da blusa. Logo depois começou a tocar a gaita e Chicó fez que havia ressuscitado.

Em troca da gaita queriam a libertação. Mas Severino estava indeciso então João falou que ele poderia ir ver seu padrinho Padre Cícero, assim o capanga de Severino lhe dá um tiro e em seguida tocou a gaita e obviamente o cangaceiro não voltou à vida. O capanga tentou matar João e assim os três começaram uma luta e João Grilo acabou por enviar uma faca no homem.

Chicó correu pra fora da igreja, João ainda foi até Severino e pegou o dinheiro do enterro e o da padaria. O capanga que ainda não havia morrido, pegou o rifle e em seu último minuto deu um tiro em J. Grilo.

Aparecem então todos no céu. Era a hora do Juízo Final. Apareceram o diabo e Jesus e deu-se início ao julgamento, o diabo acusou a todos e Jesus viu que aquele era um caso difícil. João então chamou Nossa Senhora, mãe de Jesus para interceder por eles. Foi o que ela fez. O padre, o bispo, o sacristão, o padeiro e sua mulher foram todos para o purgatório. Severino e o seu capanga foram absolvidos e foram para o paraíso. João simplesmente retornou a seu corpo.

Quando acordou viu Chicó e um palhaço o enterrando, quando ele levantou o palhaço saiu correndo e Chicó de tanto medo nem conseguiu correr. Depois de uma pequena confusão João conseguiu fazer seu amigo acreditar que ele estava vivo. Os dois então se animaram afinal estavam ricos com o dinheiro do enterro e o da padaria que o cangaceiro havia roubado.

Mas Chicó lembrou que prometeu a Nossa Senhora que se João escapasse dessa lhe daria todo o dinheiro. Assim os dois começaram a discutir sobre a promessa. Por fim os dois acabaram indo pagar a promessa e entregaram todo o dinheiro a Nossa Senhora.



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"Comprometimento"


O DICIONARIO DEFINE COMPROMETIMENTO COMO:
“Qualidade de ater-se às escolhas feitas”

“Estar atento aos seus afazeres. Doar-se, buscar soluções. Vislumbrar o que está por vir. Empenhar-se nas tarefas. Usar de afinco para que tudo saia o melhor possível. Comprometer-se. Pensar, pensar, pensar, trabalhar, trabalhar, trabalhar. Ver além. Se inserir no projeto. Sentir-se envolvido. Dentro do ambiente. Em alguns momentos, “sair” para ter uma visão externa. Enxergar com outros olhos o que se está fazendo. Ajustar. Acompanhar. Estar atento a todos os pormenores. Ir a fundo, ver os detalhes, as entranhas do processo. Mergulhar fundo. Sentir o trabalho como parte de seu corpo, de sua alma. Unir-se, ser um só. Poder estar no meio da confusão, de uma tempestade e mesmo assim ter consciência e serenidade para tomar as melhores decisões. Quando se está verdadeiramente comprometido, a segurança aflora. Os atos já estão definidos só é necessário que alguém os tome para si. Gerenciar o trabalho e a vida.” Carlos Zev Solano

Esta série de posts "re-conta" um pouco o que têm feito pessoas que de uma forma ou de outra "estão atentas aos pormenores"

Vestindo a roupa do outro…enfeitando o espírito de ambos

"O Psicólogo Fernando Braga da Costa, da USP, para concretizar sua dissertação de Mestrado, disfarçou-se de gari e trabalhou como tal, dentro da própria Universidade de São Paulo, durante oito anos. E comprovou, na prática que nós vemos nos outros a função social de cada um, e não as suas respectivas individualidades. Ele deu recentemente uma entrevista ao jornalista Plínio Delphino, do Diário de São Paulo, que reproduzo abaixo. Em tempo: o material me foi repassado pelo amigo e colaborador Carlos Germer, de Santa Catarina. Leiam e reflitam, vale a pena.
 PSICÓLOGO GARI

 “A moral e os costumes que dão cor à vida, têm muito maior importância do que as leis, que são apenas umas das suas manifestações. A lei toca-nos por certos pontos, mas os costumes cercam-nos por todos os lados, e enchem a sociedade com o ar que respiramos.”
 · Toda ação repetida gera hábito.
 · O hábito muda o caráter
 · O caráter muda a existência.
  “Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível”
 O Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da “invisibilidade pública”. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.
Fonte: Plinio Delphino, Diário de São Paulo.


O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são “seres invisíveis, sem nome”. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da “invisibilidade pública”, ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida:
“Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência”, explica o pesquisador. O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. “Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão”, diz. Apesar do castigo do sol forte, do trabalho pesado e das humilhações diárias, segundo o psicólogo, são acolhedores com quem os enxerga. E encontram no silêncio a defesa contra quem os ignora.
Diário – Como é que você teve essa idéia?
Fernando Braga da Costa – Meu orientador desde a graduação, o professor José Moura Gonçalves Filho, sugeriu aos alunos, como uma das provas de avaliação, que a gente se engajasse numa tarefa proletária. Uma forma de atividade profissional que não exigisse qualificação técnica nem acadêmica. Então, basicamente, profissões das classes pobres.
Diário - Com que objetivo?
A função do meu mestrado era compreender e analisar a condição de trabalho deles (os garis), e a maneira como eles estão inseridos na cena pública. Ou seja, estudar a condição moral e psicológica a qual eles estão sujeitos dentro da sociedade. Outro nível de investigação, que vai ser priorizado agora no doutorado, é analisar e verificar as barreiras e as aberturas que se operam no encontro do psicólogo social com os garis. Que barreiras são essas, que aberturas são essas, e como se dá a aproximação?
Diário - Quando você começou a trabalhar, os garis notaram que se tratava de um estudante fazendo pesquisa?
Eu vesti um uniforme que era todo vermelho, boné, camisa e tal. Chegando lá eu tinha a expectativa de me apresentar como novo funcionário, recém-contratado pela USP pra varrer rua com eles. Mas os garis sacaram logo, entretanto nada me disseram. Existe uma coisa típica dos garis: são pessoas vindas do Nordeste, negros ou mulatos em geral. Eu sou branquelo, mas isso talvez não seja o diferencial, porque muitos garis ali são brancos também. Você tem uma série de fatores que são ainda mais determinantes, como a maneira de falarmos, o modo de a gente olhar ou de posicionar o nosso corpo, a maneira como gesticulamos.. Os garis conseguem definir essa diferenças com algumas frases que são implesmente formidáveis.
Diário - Dê um exemplo.
Nós estávamos varrendo e, em determinado momento, comecei a papear com um dos garis. De repente, ele viu um sujeito de 35 ou 40 anos de idade, subindo a rua a pé, muito bem arrumado com uma pastinha de couro na mão. O sujeito passou pela gente e não nos cumprimentou, o que é comum nessas situações. O gari, sem se referir claramente ao homem que acabara de passar, virou-se pra mim e começou a falar: “É Fernando, quando o sujeito vem andando você logo sabe se o cabra é do dinheiro ou não. Porque peão anda macio, quase não faz barulho. Já o pessoal da outra classe você só ouve o toc-toc dos passos. E quando a gente está esperando o trem logo percebe também: o peão fica todo encolhidinho olhando pra baixo. Eles não. Ficam com olhar só por cima de toda a peãozada, segurando a pastinha na mão”.
Diário - Quanto tempo depois eles falaram sobre essa percepção de que você era diferente?
Isso não precisou nem ser comentado, porque os fatos no primeiro dia de trabalho já deixaram muito claro que eles sabiam que eu não era um gari. Fui tratado de uma forma completamente diferente. Os garis são carregados na caçamba da caminhonete junto com as ferramentas. É como se eles fossem ferramentas também. Eles não deixaram eu viajar na caçamba, quiseram que eu fosse na cabine. Tive de insistir muito para poder viajar com eles na caçamba.
Chegando no lugar de trabalho, continuaram me tratando diferente. As vassouras eram todas muito velhas. A única vassoura nova já estava reservada para mim. Não me deixaram usar a pá e a enxada, porque era um serviço mais pesado. Eles fizeram questão de que eu trabalhasse só com a vassoura e, mesmo assim, num lugar mais limpinho, e isso tudo foi dando a dimensão de que os garis sabiam que eu não tinha a mesma origem socioeconômica deles.
Diário - Quer dizer que eles se diminuíram com a sua presença?
Não foi uma questão de se menosprezar, mas sim de me proteger.
Diário - Eles testaram você?
No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: ‘E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?’ E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar.
Diário - O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?
Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.
Diário - E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?
Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando – professor meu – até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão.
Diário - E quando você volta para casa, para seu mundo real?
Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma “COISA”."

“Se o grau mais alto de um podre ser humano, faz com que ele não precise de ninguém, então que em sua bela mansão ele possa fazer o trabalho de secretária do lar, vigia, jardineiro, eletricista, encanador, mecânico...Sem contar com o seu setor de trabalho, que também exige pessoas que servem e são invisíveis. Pra todos seres humanos mediocres eu deixo como exemplo "Alexandre o GRANDE" com seu último pedido.”

Quando, à beira da morte, Alexandre convocou os seus generais e relatou seus 3 últimos desejos:
1.Que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época;
2.Que fosse espalhado no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados (prata, ouro, pedras preciosas...);
3.Que suas duas mãos fossem deixadas balançando no ar, fora do caixão, à vista de todos.
Um dos seus generais, admirado com esses desejos insólitos, perguntou a Alexandre quais as razões. Alexandre explicou:
1.Quero que os mais iminentes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles NÃO têm poder de cura perante a morte;
2.Quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui conquistados, aqui permanecem;
3.Quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos.


"Qualquer coisa que você for capaz de fazer ou sonha que é capaz comece. A coragem traz consigo
 GÊNIO, PODER E MAGIA."
Goethe
Para saber mais:
A experiência e as diversas histórias de Fernando Braga da Costa foram reunidas, e viraram tema de seu mestrado e título do livro Homens Invisíveis: Relatos de uma Humilhação Social (fica aqui uma dica para leitura).
Título: Livro - Homens Invisíveis
Subtítulo: RELATOS DE UMA HUMILHAÇAO SOCIAL
Autor: Fernando Braga Da Costa
Editora: Globo
Assunto: Psicologia




sábado, 6 de agosto de 2011

"Sentido"

Pois o Ser é um mar sem fronteiras e sem medidas.
Não digais, “Encontrei a verdade”, mas sim, “Encontrei uma verdade”.
Não digais, “Encontrei o caminho da alma”, mas sim “Encontrei a alma andando em meu caminho”.
Pois a Alma anda em todos os caminhos.
A Alma não anda sobre uma linha, nem cresce como um junco.
A Alma desdobra a si mesma, como um lótus de infinitas pétalas.




Para que curar-se?



"A pergunta parece óbvia demais para ser formulada. Afinal, quem não quer se livrar das dores, sofrimentos, humilhações e a angústia de ver-se sempre ou, em algum momento da vida, preso a algum tipo de doença?

A doença estaciona a vida. A doença escraviza. A doença é um empecilho para a felicidade. E, quem não quer ser feliz?

Durante séculos a humanidade se debruçou sobre ela. Pesquisou, procurou remédios, antídotos, soluções para aliviar o sofrimento humano. Freud, buscou e percebeu intrincada rede de explicações que justificavam o porquê deste sofrimento. Encontrou um ser humano fatidicamente preso e condicionado ao seu passado, a sua história, as suas origens. Lung foi mais longe e percebeu condicionamentos ainda ancestrais. E chegamos, enfim, a conclusão de muitos porquês- físicos, psicológicos, culturais que explicariam o sofrimento humano.

Em algum momento, porém desse descortinar de descobertas sobre o ser humano, alguns filósofos e psicólogos ousaram contestar esse condicionamento fatídico. Diriam, como Viktor Frankl, “o ser humano tem condicionamentos, mas ele não é condicionado”. Portanto, existe uma dimensão humana que escapa a esse condicionamento. Uma dimensão que é capaz de olhar distanciado sobre si mesmo. De se questionar, se julgar e tomar novas decisões diante da vida, apesar dos condicionamentos. Existe uma dimensão humana que é, antes de mais nada livre.

Mas, mais uma vez, isto era somente uma “linha de pensamento”, ou, mais uma “escola filosófica”. Não havia como se ter certeza dessa afirmação. Continuávamos fadados a “escolher” uma linha filosófica para “acreditarmos”.

Mas uma resposta iniciou-se com um trabalho terapêutico original: ao invés de partir-se de uma abordagem filosófica pré-estabelecida, questiona-se diretamente o inconsciente de cada paciente, através de uma concentração enfocada, não hipnótica, em torno de questões fundamentais para aquele paciente, mas também sobre questões universais. E percebeu-se uma sabedoria imensa vindo do inconsciente de cada paciente, independente de cultura, credo ou raça. Fomos descobrindo, pouco a pouco, pergunta por pergunta, que o ser humano sabe, em seu inconsciente profundo, o porque de sua doença. Esse ser humano é capaz de dar detalhes sobre ela. Inclusive como e quando a doença foi criada. Percebe-se também o paciente, responsável por ela, porque se percebe o autor, o criador dessa doença que o faz sofrer tanto.

Mais que isso. Ele, o paciente, percebe também que se ele criou a doença, ele também é o único que sabe como revertê-la. E, durante o processo terapêutico, através do inconsciente, o próprio paciente dá os detalhes de sua cura. E, realmente, muitos conseguem efetuar e decodificar o código da doença, conseguindo livrar-se dela.

Caberia então agora a exclamação: - Então descobriu-se a cura de todos os males?!! E a resposta seria, não. Infelizmente. Porque o ser humano é livre. E se ele foi livre para escolher a doença é porque existia um motivo muito forte para isso. A pergunta, agora, não é mais o “porque estou doente”, mas “para que eu iria querer me curar?”

Essa pergunta também foi feita ao inconsciente de nossos pacientes. E a resposta que obtemos foi que precisavam da doença para se sentirem amados. E, como o ser humano, precisa ser amado, então eles estavam presos ao fato de precisarem estarem doentes. Isso é uma questão crucial: o ser humano não quer a doença, mas quer ser amado. Se para ser amado ele precisar pagar com a própria vida, ele, surpreendentemente, paga. Pois, é mais imprescindível, para o ser humano ser amado, do que ser saudável.

Mas, não podíamos nos conformar com esse “livre aprisionamento” do ser humano, portanto, continuamos a nossa investigação. E perguntamos: - Como? Como funcionava isso: a doença como motor de ser amado? E, os pacientes foram nos explicando: “- quando estou doente eu sou o centro das atenções, dos carinhos, tudo se desculpa, tudo se perdoa, tudo se releva. Eu não preciso dar explicações, nem dar respostas à vida, pois estou “preso” à doença.

Percebemos então que existia aqui uma outra associação, mais perigosa e mais escravizante que a primeira: mais atenção sendo igual a mais amor. Ou ainda, a necessidade de precisar mais atenção como um caminho que leva a se sentir mais amado. Assim, eu preciso necessitar de mais atenção, para me sentir mais amado. Paga-se o preço. O problema é que: não se recebe a mercadoria.

Explicando melhor: através da doença eu consigo receber mais atenção, com certeza. Mas, eu consigo me sentir mais amado? A resposta do paciente, invariavelmente, é, não. Pois, eu duvido sempre da autenticidade desse “amor”, que vêm como resposta à minha doença. Eu duvido sempre se a “atenção” vêm porque me amam, ou, se é porque eu preciso dela. Assim, desta forma, a sede de amor não se esgota, e, eu preciso adoecer mais. Está feito o círculo vicioso da doença crônica.

Concluindo: para que seja possível eu me livrar dessa cadeia, gerada por mim mesmo, é preciso que eu abra mão da mentira criada por mim, da deformação do meu eu, na doença. Mas para isso é preciso que exista um para que ficar bom, que me transcenda, que ultrapasse a mim mesmo. É preciso que eu desista de “cobrar amor”- atenção – do mundo. É preciso que eu decida primeiro amar. Independente dos fatos, das pessoas, das circunstâncias, dos condicionamentos, da minha história. Para amar eu sou livre. Só depende de uma decisão minha. Para ser amado eu preciso que os outros decidam me amar. E eu não posso interferir na liberdade do outro.

Se eu preciso ser amado eu me torno escravo do outro, dos seus condicionamentos, das suas dificuldades, de seus problemas, de seu egoísmo. Se eu cobro amor, eu preciso adoecer, então não acredito no amor que vêm.

Assim, eu só sou livre “para amar”. Mas se eu tomar essa decisão e efetivá-la, o que acontece é que eu provoco tanta alegria, vida, harmonia e bem estar com a minha simples presença, que não posso duvidar que sou amado, e, melhor, que mereço ser amado. E começa a ser bom amar, ser perfeito, ser saudável, ser íntegro, ser eu mesmo. E se eu sou eu, como duvidar que o que sentem por mim é autêntico? Se eu sou verdadeiro o que eu produzo também é verdadeiro…

Portanto, agora posso me realizar na vida, no amor, profissionalmente. Posso ser feliz no casamento. Posso ter filhos saudáveis. Posso sorrir, me alegrar, ir ao encontro do outro. Por que? Porque a decisão é minha. Para que?

Para poder realizar aquela missão que resume toda a essência do sentido da existência humana, a capacidade de amar, amar incondicionalmente."

Maria Clara Jost de Moraes




Renate Jost de Moraes - Criadora do Método ADI/TIP




Renate Jost de Moraes, é brasileira, gaúcha, residente em Belo Horizonte desde 1979. É criadora do Método ADI/TIP – Abordagem Direta do Inconsciente/Terapia de Integração Pessoal (Brasília - DF - 1975). É graduada e pós-graduada (Lato Sensu) em Psicologia pela PUC-MG, tendo também formação em Serviço Social e em Enfermagem. Defendeu tese sobre “O Problema Social do Hanseniano” e foi Conselheira Nacional do Serviço Social em Brasília.
É membro do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Alfenas (UNIFENAS) e consultora e professora voluntária do departamento de psicologia da Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Sagrado Coração de Jesus em Bauru – SP.
Escreveu os livros “As Chaves do Inconsciente” (Editora Vozes – 24ª Edição – 411 páginas) e “O Inconsciente sem Fronteiras” (Idéias Letras – 11ª Edição – 574 páginas) e o livro "A Interioridade Humana - Uma Ponte da Ciência à Transcendência - Sinopse", o qual foi entregue pessoalmente à Sua Santidade Papa Bento XVI durante sua visita ao Brasil em maio de 2007 e encontra-se no prelo do livro “Vida-a-Dois e Família – Uma Contribuição para o Tema a partir da Pesquisa da Interioridade Humana pelo Método ADI/TIP” com previsão de publicação para o ano de 2011.
Com seu marido Rafael, encabeçou o Movimento Familiar Cristão, atuando intensamente junto a casais, noivos, famílias, colhendo vasta experiência neste campo. Foi distinguida com a medalha de ouro e o título de “Singular Benfeitora da Causa Cristã” em 1970, pelo Papa Paulo VI.
Participou de diversos congressos: O de Bioética na Holanda (1983) e de Congressos de Logoterapia no Brasil, Argentina e Alemanha e de outros Congressos. Como conferencista, vem apresentando palestras sobre a sua experiência e os resultados de sua pesquisa, desde 1980. Vem realizando conferências no Brasil e no exterior. Ministrou cursos em Portugal, na Alemanha e na Áustria, ocasião em que apresentou seus trabalhos no II Congresso Mundial de Psicoterapia – WCP (1999). A convite do Jornal Zaman, esteve em Istambul, Turquia, para entrevista coletiva e apresentação de seu trabalho. Foi convidada também para proferir conferência sobre o método ADI/TIP no Congresso Latino Americano de Psicoterapia, no Chile (2000). Proferiu conferências em Seminários Nacionais de Ética em Pesquisa, expondo suas descobertas sobre o momento inicial da consciência de ser na gestação e sobre outras  realidades humanísticas universais reveladas pelo inconsciente pesquisado.
Renate Jost de Moraes vem criando outras aplicações da ADI, entre os quais cumpre destacar o curso  “ADI – orientadores”, para leigos, psicólogos, educadores, médicos e outros profissionais em relação às informações reveladas a partir da pesquisa direta do inconsciente. Atualmente preside a Fundação de Saúde Integral Humanística (FUNDASINUM), é diretora da TIP Clínica, mantenedora desta Fundação, e vem dedicando grande parte de seu tempo para o atendimento gratuito a carentes, palestras, publicações científicas, concedendo entrevistas a rádios, jornais e televisão.
O Método ADI/TIP foi selecionado para concorrer ao Prêmio Mundial de Descobertas Científicas do Cérebro, promovido pelo Departamento de Estudos do Cérebro da Universidade Louisville, (EUA).

Quais as principais características diferenciais do Metodo ADI/TIP?

São muitas as características diferenciais do Metodo ADI/TIP(Abordagem Direta do Inconsciente), mas todas elas, praticamente, surgem como conseqüência da introdução de uma só técnica diferencial que substitui o processo psicoterapêutico convencional, a análise racional, a interpretação e até mesmo a hipnose. Realiza esse questionamento uma forma de pesquisa ou  investigação do nível “intuitivo” da mente ou do nível que também chamamos de inconsciente “noológico”. Essa técnica básica, especial e sistematizada é o “questionamento”, do tipo socrático, através do qual se conduz a pessoa a atingir conscientemente o seu inconsciente. O inconsciente “noológico” integra a dimensão humanística do ser humano e não se refere apenas ao inconsciente “psicológico,” o qual se detém principalmente sobre a memória dos fatos passados. O “questionamento”é focalizado sobre o inconsciente “noológico” e evidencia toda a área “intuitiva” da mente, levando a encontrar aí respostas originais e diferentes daquelas que o paciente formulava e daquelas nas quais ele  acreditava  racionalmente. O inconsciente “noológico” abarca toda a integralidade humana, não só em nível de problemas, mas quanto ás decisões tomadas e livremente aceitas na época do sofrimento. O inconsciente noológico responde ainda ás necessidades não físicas do ser humano, ao sentido existencial, aos valores intrínseco-universais, à finalidade última do homem. Enfim, através do “questionamento”, a mente ultrapassa a limitação de tempo, espaço e matéria, identificando o Eu-Pessoal, que é único para cada pessoa e age como coordenador de todas as instâncias humanísticas que formam a dimensão noológica... A partir desse conjunto de traços apresentados acima, muitas outras características diferenciam o Metodo ADI/TIP de outros processos.




Conheça mais sobre o método ADI/TIP na página da tipclinica





terça-feira, 2 de agosto de 2011

"Oremus"


Nesta série de postagens tentaremos clarear para você as nuances das diversas formas de oração. Fazendo parte da nossa vida, como um fenômeno de transformação, sempre nos torna diferente do que éramos anteriormente. Este, pelo menos deveria ser o nosso objetivo; realizar em nós uma “metanóia”, uma (mudança de direção e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos; caráter trabalhado e evoluído).

Além de falar sobre os diversos tipos e contextos de orações, também disponibilizaremos algumas delas com seus históricos, peculiaridades, usos e curiosidades.

“Diz-se que oração é o combustível da alma. Nossa fé é revigorada através da oração, além de ser a nossa ligação com Deus. Orar significa dialogar com Deus. O próprio Jesus, em Seu testemunho de vida, ensina-nos a orar sempre e em todas as circunstâncias: antes de iniciar os trabalhos diários, antes de algum projeto, nas alegrias e tristezas, nas vitórias e derrotas. A oração nos mantém em sintonia com Deus.”


“Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí a noite toda orando a Deus” (Lc: 6,12)

“A Oração é essencialmente um diálogo”

Oração é um ato religioso que visa ativar uma ligação, uma conversa, um pedido, um agradecimento, uma manifestação de reconhecimento ou ainda um ato de louvor diante de um ser transcendente ou divino. Segundo os diferentes credos religiosos, a oração pode ser individual ou comunitária e ser feita em público ou em particular, e pode envolver o uso de palavras ou música. Quando a linguagem é usada, a oração pode assumir a forma de um hino, encantamento, declaração de credo formal, ou uma expressão espontânea, da pessoa fazendo a oração. Existem, segundo as crenças, diferentes formas de oração, como a de súplica ou de agradecimento, de adoração/louvor e etc; e da mesma forma, consoante a crença a oração pode ser dirigida a um deus, espírito, pessoa falecida, ou a uma idéia, com os diversos propósitos, sendo que as pessoas rezam em benefício próprio, ou para o bem dos outros; ou ainda pela consecução de um determinado objetivo.
A maioria das religiões envolve momentos de oração. Alguns criam ritos especiais para cada tipo de oração, exigindo o cumprimento de uma seqüência estrita de ações ou colocando uma restrição naquilo que é permitido rezar; enquanto outros ensinam que a oração pode ser praticada por qualquer pessoa espontaneamente a qualquer momento.
As pesquisas científicas sobre o uso da oração, estudam na sua maioria o seu efeito sobre a cicatrização de feridas ou doenças. A eficácia da oração para a cura física por meio de uma divindade tem sido avaliada em diversos estudos, com resultados contraditórios.
Na crença cristã
A oração, na crença cristã, é a comunicação e o fruto consciente do relacionamento com Deus durante a qual a pessoa louva, agradece, intercede pela vida de outro, pede bênçãos a ele ou a outrem, e através dela pode desfrutar da presença de Deus (este último mais citado no Pentecostalismo, que foca mais no Espírito Santo do que em outras denominações). As orações são dirigidas a Deus (às vezes, sobretudo no caso católica, em nome de Nossa Senhora ou de santos como intercessores, o que não é feito pelos protestantes em geral), por mediação única de Jesus Cristo, e podem ser feitas em voz alta, falada, em canção ou em silêncio.
O propósito da oração (Mt 6, 5-13) não seria o de alterar a vontade de Deus, mas de obter para si mesmo e/ou para os outros bênçãos e graças que Deus já estaria disposto a conceder, mas que deveriam ser solicitadas para se obter.
Na crença católica
Na Igreja Católica, a oração dirigida a Deus (ou à Virgem Maria e aos Santos para interceder a Deus e junto de Deus), também pode ser considerada uma reza, uma mensagem escrita, oral ou um pensamento de adoração, louvor, súplica, rogo, prece, pedido ou petição, intercessão, agradecimento, expiação, bênção, presença ou unificação.
Segundo a doutrina católica, a oração, ou simplesmente "falar com Deus", é um dom da graça de "Deus que vem ao encontro do homem" e permite o estabelecimento de uma "relação pessoal e viva dos filhos de Deus com o Pai infinitamente bom, com o seu Filho Jesus Cristo e com o Espírito Santo que habita no coração daqueles". Na oração, o crente eleva "a alma a Deus" para O louvar ou pede "a Deus bens conformes à sua vontade". Segundo os católicos, a oração não tem a função de alterar a vontade de Deus, mas somente de obter para si mesmo e/ou para os outros graças, bens ou bênçãos que Deus já estaria disposto a conceder, mas que deveriam ser pedidos primeiro pelo crente.
A oração "pressupõe acre­ditar num Deus pessoal e na possibilidade de entrar em contacto" direto com ele, sendo por isso "a expressão mais espontânea" do "desejo de Deus por parte do homem". Esta desejo humano é testemunhado por "todas as religiões e, em especial, toda a história da salvação, […] se bem que é sempre Deus que primeiro e incessantemente atrai cada uma das pessoas para o encontro misterioso da oração".
Oração no Antigo e Novo Testamentos
No Antigo Testamento, a oração já estava presente, como por exemplo, nos vários episódios importantes de personagens bíblicos (nomeadamente de Abraão, Moisés, David, Isaías, etc.) e do próprio povo de Deus, sendo os salmos um exemplo da sua expressão. Já no Novo Testamento, Jesus, apesar de estar em íntima comunhão com Deus Pai, é considerado o perfeito modelo e mestre de oração, "rezando ao Pai em longas vigílias e em momentos decisivos da sua vida, desde o batismo no Jordão à morte no Calvário".
Jesus, para além de ensinar o Pai-Nosso (considerado a síntese do Evangelho e, por isso, a oração mais perfeita e mais carregada de significado), ensinou também "os discípulos a rezar devota e persistentemente", transmitindo-lhes "as disposições requeridas para uma verdadeira oração". Jesus garantiu-lhes também "que seriam ouvidos sempre que rezas­sem bem",  porque a oração humana "está unida à de Jesus mediante a fé. N’Ele, a oração cristã torna-se comunhão de amor com o Pai". Aliás, é o próprio Jesus que manda rezar: "«Pedi e recebereis, assim a vossa alegria será completa» (Jo 16,24)".
Oração na vida da Igreja
O Espírito Santo é o "Mestre interior da oração cristã", porque "forma a Igreja para a vida de oração e a faz entrar cada vez mais profundamente na contemplação e na união com o insondável mistério de Cristo". Por isso, a oração é "inseparável do progresso da vida espiritual" e, em suma, da vida cristã da Igreja e de cada católico. Logo, pouco a pouco, a liturgia foi-se desenvolvendo e tornou-se na "oração oficial da Igreja", com particular destaque para a missa (e a Eucaristia, que "contém e exprime todas as formas de oração" ) e a Liturgia das Horas. "Parale­la­men­te, desenvolveu-se também a oração devocional (piedade popular), tanto comunitária como individual".
Assim sendo, "as formas essenciais da oração cristã" são "a bênção e a adoração, a oração de petição e a intercessão, a ação de graças e o louvor". Embora a "adora­ção e louvor a Deus seja a mais perfeita", a oração de petição e intercessão "pelo próprio, por outras pessoas  ou por causas nobres é necessária e meritória". Apesar de toda a oração ter "como destino final" a Santíssima Trindade, isto não impede os crentes de prestarem devoção e de rezarem "a Nossa Senhora, aos Anjos e aos Santos do Céu como intercessores junto de Deus". Aliás, "a Igreja gosta de orar à Virgem Maria e de orar com Maria, a Orante perfeita", porque ela "«mostra-nos o caminho» que é o Seu Filho Jesus, o único Mediador" junto de Deus Pai. Orações como a Ave Maria e o Rosário são exemplos disso.
A oração, que "pressupõe sempre uma resposta decidida da nossa parte", é também considerada um combate "contra si mesmo, contra o ambiente e sobretudo contra o Tentador".
Para concluir, São Pio de Pietrelcina afirma que "a oração bem feita toca o coração de Deus, incitando-O a ouvir-nos. Quando rezamos, que todo o nosso ser se volte para Deus. […] O Senhor deixar-Se-á vencer e virá em nosso auxílio. […] Reza e espera. Não te agites; a agitação é inútil. Deus é misericórdia e há-de escutar a tua oração. A oração é a nossa melhor arma: é a chave que abre o coração de Deus. Deves dirigir-te a Jesus, menos com os lábios do que com o coração".
Texto extraído de Wikipédia. Ver completo em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ora%C3%A7%C3%A3o